O que é um sonho ruim, E o que é um sonho bom.

Sem motivo pra abrir os olhos de manhã
Eu tentava de tudo
Pra continuar em frente
Sem saber se de repente
Tudo não teria um fim
De nada eu tinha certeza
Mas os meus amigos me ajudavam
Apesar das marcas criadas
demorarem pra sarar

Quando se perde de vista o horizonte
distante
eu estava sempre
E era fácil me encontrar
em bar qualquer
tentando esquecer
Estressado
Gasto
Sobretudo cansado
de sofrer

E eu nunca mais quero me sentir assim
Eu nunca mais quero seguir cego por um caminho
Sozinho

Ouvindo isso

e isso

Uma histórinha

E lá vai ele. Vinícius. O garoto com uma camisa dos Beach Boys, meio atrapalhado, barba por fazer. Não por charme, por falta de tempo. Mentira, por falta de atenção, afinal, Vinícius tem tempo. Ok, é só charme mesmo. Então tá. Lá vai ele, Vinícius, o garoto desleixadamente charmoso. Carregando uma mochila que quase lhe escapa pelos braços, o jovem vai caminhando por um corredor, ansioso, apressado, eufórico. Ele está se borrando. Depois de meses escrevendo, dirigindo, editando seu filme, ele será exibido para sua turma da faculdade. Um momento de glória? Uma terrível decepção? O menino (que agora é mais menino do que nunca) não tem a mínima idéia do que poderá acontecer depois que adentrar sua sala de aula.
Um celular toca. Esperando a ligação, Vinícius mete a mão no bolso como quem saca uma pistola do coldre.
- Alô?

uma voz sussurra do outro lado da linha:
- Oi, meu amor...

Era Maria Antônia, sua namorada.

- Eu tô no meio da aula... tô de ligando só pra desejar boa sorte. Te amo, tá?

- 'Brigado, meu amor. Depois eu te conto como foi.


Vinícius vai desacelerando o passo inquieto e para em frente a sala de aula. É agora. Quando entra, está tudo escuro. Seu filme está começando. O garoto entra na sala, alguns colegas sorriem para ele. Silenciosamente, se dirige até uma das últimas cadeiras, senta, abaixa a cabeça e espera a exibição terminar. Depois de alguns minutos o filme tem fim.

Começam a criticar seu filme. Tudo bem, Vinícius sabia que isso ia acontecer e está preparado para ouvir. Um ou outro acharam o filme lento, outros gostaram, alguma garotas acharam fofo... Vinícius está satisfeito. Porém, as coisas perdem o controle do jovem quando é indagado por seu professor sobre a mensagem do filme.

- O que você quis passar como filme? Faltou isso... quer dizer, Vinícius, aonde a história vai, qual a mensagem?

- ... acho que nenhuma professor.
- Nenhuma? Então porque quis fazer o filme?

O garoto reflete um pouco... para por um instante. Olha nos olhos do professor e sai de sala. Ele e a turma inteira ficam perplexos. Mas isso não importa mais. Voltemos para Vinícius.

Lá vai ele. O garoto com a camisa dos Beach Boys, meio atrapalhado, barba por fazer. Ele anda pelo corredor absorto em pensamentos. Por que tem que haver um motivo pra fazer um filme? Uma mensagem a passar? E se a mensagem que ele quisesse passar fosse justamente essa?

Vinícius não tinha o que dizer. Nada.

Mark Chapman Recomenda



Outro dia terminei de ler "O Apanhador no Campo de Centeio". Gostei. Na verdade do começo até a metade eu estava odiando... odiando o protagonista. Ele é chato pra cacete, reclama de tudo, e etc. Eu sou assim também, mas na maioria das vezes eu tenho um motivo. Ele não. Ele é tipo..." Aí eu tava sentando num morro idiota. Ai eu desci aquela merda pra assistir a porcaria do jogo idiota"
Esse cara precisa(va) de uma vagina. Falo logo. Aliás, nem isso ele foi capaz de fazer no livro...
Enfim.

Mas a história vale a pena sim, por alguns diálogos. Tipo o dos patos do Central Park. E como eu disse antes, depois do meio eu comecei a gostar mais. Apesar do protagonista ser um CHATO, ele começou a me cativar... comecei a torcer por ele e queria ver onde a história ia dar. Bom, ela não dá em lugar nenhum, mas eu gostei mesmo assim. Acho que eu seria plenamente capaz de escrever um livro desses. Sabe, pega uma parte da "sua" vida (ou fictícia) e a usar pra falar sobre as suas convicções e opiniões a respeito da vida, da sua cidade e etc. O problema é que ninguém iria ler. Ah, tava pensando nisso outro dia também... a assinatura de um trabalho muda tudo a respeito dele. Se eu faço um filme sobre um relacionamento esquisito, provavelmente ninguém vai gostar. Mas se vier escrito no final " Um filme de Woody Allen", muda tudo. A mesma coisa com esse livro. Se o meu livro mandasse o Chapman assassinar o Jonh Lennon, ele também iria vender mais. Sei lá.

É isso, já tô divagando demais

Escrevi isso ouvindo There Is a Light That Never Goes Out - The Smiths