O Que Eu Queria (não que importe)

Eu queria ser poeta. Para conseguir dizer com classe o quanto ando descrente do mundo e divagar sobre a fragilidade das pessoas como quem escreve uma redação sobre as férias. Eu queria ser poeta para, pelo menos uma vez na minha vida, falar sério e ser levado a sério. E, sendo poeta, também bastaria um só momento para que eu de fato conseguisse dizer o que realmente sinto ou penso, dos minutos aos anos. E eu queria ter um livrinho meu para levar de recordação dessa experiência de ser poeta. Assim também poderia ser leitor da minha própria poesia. Afinal, tem coisa melhor do que abrir um livro e se deparar consigo mesmo refletido em suas páginas?


" Como Cornélio Agrippa, sou deus, sou herói, sou filósofo, sou demônio e sou mundo, o que é uma cansativa maneira de dizer que não sou. "

J. L. Borges